Paraná abriga menor cemitério do mundo registrado no Livro dos Recordes

Menor cemitério do mundo
Foto: Viaje PR

 

Espaço fica na cidade de Rio Negro, na Região Metropolitana de Curitiba. Local se transformou em ponto turístico por sua história.

 

No topo de uma colina, em Rio Negro, na Região Metropolitana de Curitiba, está localizado um dos pontos turísticos mais singulares – ou enigmáticos – do Paraná. De início, a pequena capela pode não chamar tanta atenção devido à sua simplicidade e, de certa forma, naturalidade, já que existem outras arquiteturas semelhantes no entorno.

Porém, pouco tempo de conversa com turismólogos e moradores locais já é o suficiente para entender qual é a história e o uso da estrutura. A capela azul é cercada por um muro com portão de ferro - um detalhe que salta aos olhos de mediato. Algumas lápides estão fixadas no minúsculo terreno, que conta com apenas 19,25 m².

Este é o menor cemitério do mundo já registrado pelo Livro dos Recordes, com ossadas de crianças falecidas prematuramente ou logo após o parto. Alguns moradores garantem que isso era uma prática comum, outros, porém, atribuem os enterros no local a um sinal de respeito às crianças.

A turismóloga da prefeitura de Rio Negro, Larissa Grein Becker, explica que não se tem um registro exato sobre quantos bebês estão enterrados no local. De acordo com ela, existem relatos que apontam 40, outros 20 e até oito corpos. Graças a isso, o local trocou o nome de “Capelinha” e passou a ser chamado de “Cemitério dos Anjos”.

“Conhecer e valorizar esses locais é importante ao município e aos moradores, porque eles se sentem parte da história e têm orgulho do atrativo. Aí entra o turismo, para explorar esse potencial com respeito, mostrando quais são os detalhes de Rio Negro e porque o lugar merece ser visitado pelos turistas”, diz Larissa.

Algumas mães ainda frequentam o espaço e acendem velas às crianças, prova de que a história permanece viva no imaginário rio-negrense. Atualmente, o local encontra-se em uma área privada, mas o proprietário fez questão de manter a colina da capela fora das grades, o que permite que devotos, turistas e curiosos conheçam e visitem o cemitério.

Além das cruzes em metal branco, também há um espaço para velas e um altar com imagens sagradas de Nossa Senhora Aparecida. Localizada na Campina dos Andrades, a capela foi edificada em 1929 por moradores.

A Capelinha é um dos muitos atrativos turísticos rurais da cidade de Rio Negro. Para chegar lá, o aceso é pela Estrada geral Campina dos Andrades. Para garantir a visita guiada ao município e ao menor cemitério do mundo, basta entrar em contato com a Prefeitura Municipal e agendar.

 

 

A CAPELINHA PRESERVADA

 

A capela ficou tão popular devido à sua utilidade, no mínimo, curiosa, que na década de 60 uma moradora decidiu cuidar e preservar o espaço. Recém-casada, Leontina Weber fez uma promessa para que sua vida conjugal – que não estava boa – melhorasse. Ela prometeu que cuidaria da capela até seu último suspiro de vida, e assim o fez até fevereiro de 2015, quando faleceu aos 79 anos.

O filho de Leontina, Cesar Weber, assumiu a responsabilidade e costume deixado pela mãe, tornando-se o atual responsável pela manutenção da Capelinha. Todo ano, no dia 12 de outubro, Dia das Crianças e Dia da Padroeira do Brasil, ele realiza uma ação com os moradores e distribui brinquedos para crianças carentes da cidade.

“O costume passou pelas gerações graças à promessa da minha mãe. Hoje ela é falecida, mas eu e minha família continuamos com esse trabalho que ela começou. Já faz 40 anos que reunimos a comunidade para rezar o terço no dia 12 de outubro e fazer uma festinha às crianças. Os mais antigos presenciaram alguns enterros e tem o culto à capela vivo na memória, mas as novas gerações também sabem da história e entendem a importância do local”, diz Cesar.

O diretor-presidente do Viaje Paraná, Irapuan Cortes, ressalta que as oportunidades com o turismo surgem de histórias como essa do cemitério. “Não existe turismo sem uma história a ser contada e este é um claro exemplo de que os profissionais da área conseguem trabalhar e ter oportunidades em diversos segmentos do turismo”, disse.

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Menor cemitério do mundo
Foto: Viaje PR

 

 

 

O BRADADOR: A ENTIDADE DO CEMITÉRIO

 

 

Menor cemitério do mundo
Foto: Viaje PR

A história em torno da construção do menor cemitério do mundo carrega lendas e crenças. De acordo com os relatos de especialistas do turismo da prefeitura, os amigos Ema Rodrigues, Pedro Alves Ribeiro e Constantino Rauen foram os responsáveis por isso e o espaço tinha, a princípio, a função de proteger a comunidade das assombrações, ou “visagens”, como eram chamadas.

Há relatos de que os moradores eram perseguidos por uma entidade chamada “Bradador” que aparecia, principalmente, no local onde hoje está a estrutura e que essa assombração acabou após o santuário ser erguido. Outro desdobramento, porém, relatam que quando um recém-nascido de família católica falecia antes de seu batismo, ele não poderia ser sepultado em um cemitério convencional, uma vez que não teve “tempo” para ser incluído nos preceitos da fé.

Com o passar dos anos, a pequena capela passou de um “altar de proteção” para um templo de descanso de crianças falecidas prematuramente ou logo após o parto. Com os relatos e crenças que envolvem o espaço, sua existência atingiu relevância até em níveis nacionais. Exemplo disso é uma publicação do Guinness Book Brasil, o Livro dos Recordes, de 1996, que registra o local como “o menor cemitério do mundo”, devido às suas medidas.

 

 

GALERIA DE IMAGENS

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    Foto: Viaje PR
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