Bruno Branco - Ilha de Superagui 26/02/2020 - 14:07
Até pouco tempo, entre os transeuntes deste estado, não era comum ouvir discussões sobre uma Ilha específica do litoral paranaense, na qual a vida se passava de uma forma bem simples, mas envolta de muita magia.
Superaguí se popularizou, mas a verdade é que a cada nova passagem por lá, a ilha permanece cheia de descobertas e encantos.
Para chegar até o lugar há mais de uma possibilidade. Eu costumo ir por Paranaguá.
Não me recordo a frequência que as embarcações saem rumo à ilha, mas a primeira calmaria se dá nesta espera. Barcos visualmente agradáveis, convidativos, o som da água, e a iminência da tranquilidade de navegar. Nas primeiras horas de viagem já é possível ver os primeiros visitantes. Não sei se felizes com a companhia ou incomodados com os intrusos, mas com um pouco de sorte é possível fotografar os golfinhos que acompanham o caminho.
A vista da chegada é a primeira paixão que nos acontece. Um trapiche, algumas construções simples, bicicletas, e uma praia que some no horizonte cercada de uma água clara e pequenos barcos coloridos. O primeiro passo é escolher uma das inúmeras pousadas. Casas, quartos e área para camping são as opções. E em valores bem acessíveis.
Devidamente acomodados, é hora de começar a explorar. Muitos pescadores vivem por lá, e passeios de barco podem acontecer, para outras ilhas no entorno, ou para acompanhar uma pesca.
Há um núcleo urbano também, composto, entre outros, por escola, igreja, mercadinho, restaurantes... Nada muito caro, mas tem a opção de cozinhar também, peixe e camarão é muito barato por lá. Saindo desse núcleo, são inúmeras as trilhas, e das vezes que fui, havia um guia para auxiliar adentrar a mata. Uma vegetação que nos confunde com ilustrações de livros e uma fauna que muitas vezes resolve interagir. Conforme as noites vão chegando torna-se um hábito sentar na praia. Simplesmente foram os mais lindos pores do sol que já presenciei, o contraste de tantas cores com uma paisagem selvagem do horizonte.
Passado esse pequeno momento de contemplação, descobrimos a existência de vida noturna na ilha. E começamos a conhecer os tradicionalismos paranaenses. Em uma estrutura pequena, percebemos que algo está acontecendo ao ver pessoas dançando em plena areia.
Adentrando ao recinto vemos um bar, com muito carinho e história em cada detalhe. Nos deparamos com o famoso Fandango, uma dança típica dos moradores da região. E em conversa com os músicos ainda descobrimos que os instrumentos são de fabricação própria, violas, adufos e rabecas. Para acompanhar, nada melhor que a bebida típica da região, a Cataia, feita à base de folhas de uma planta com propriedades medicinais curtida em cachaça. Geralmente, minhas viagens foram em alta temporada. E, nessas ocasiões, é bem comum a formação de vários conglomerados artisticos na extensão da praia. Alguém trouxe um violão, outro um saxofone, outro objetos circenses, e várias rodas vão se formando, no improviso, bastando apenas escolher em qual quer participar. Isso quando não rola maracatu. E maracatu na chuva. A energia contagia e ninguém para. Quando digo sobre magia na ilha me refiro, principalmente, a esse clima entre as pessoas. Há um acordo, não declarado, mas implícito, de camaradagem entre os presentes. Um companheirismo, um espírito de partilha, que, muitas vezes, não nos deparamos na cidade. E o mais edificante de tudo são as conversas com os moradores, sempre receptíveis e tratando a todos muito bem, além de compartilhar seus saberes tradicionais.