Turismo de Base Comunitária é opção para conhecer tradições e culturas no Oeste do Paraná 29/08/2025 - 15:44

O Quilombo Apepu, em São Miguel do Iguaçu, é um dos exemplos de comunidades que estão em busca de desenvolver o Turismo de Base Comunitária. O segmento trabalha com a preservação do patrimônio cultural e ambiental, promovendo a vivência e troca de experiências em comunidades tradicionais.
A região Oeste do Estado tem buscado mais consolidação de roteiros e atividades que promovam cultura, respeito e contato com comunidades tradicionais. Localizado no município de São Miguel do Iguaçu – menos de uma hora de Foz do Iguaçu passando por Santa Terezinha de Itaipu–, o Quilombo Apepu é um dos exemplos de comunidades que estão em busca do desenvolvimento turístico aliado à sustentabilidade e valorização cultural.
Chamado “Turismo de Base Comunitária no Quilombo Apepu”, o projeto busca promover, ao longo dos próximos dois anos, a união entre identidade, ancestralidade e a natureza que cerca os moradores do local. A comunidade é vizinha ao Parque Nacional do Iguaçu – que abriga as famosa Cataratas do Iguaçu, uma das Sete Maravilhas Naturais do Mundo e eleita neste ano como principal atrativo Do Brasil e América do Sul pela plataforma de viagens TripAdvisor.
Segundo o Ministério do Turismo, a Base Comunitária é o segmento em que uma comunidade local – em muitos dos casos, povos indígenas, quilombolas, caiçaras e afins – é a protagonista do roteiro e das atividades turísticas que são realizadas. É uma forma de propagar o desenvolvimento sustentável e preservar o patrimônio cultural e ambiental, promovendo a vivência e troca de experiências.
“Este modelo valoriza a participação ativa da comunidade durante o processo, desde o planejamento dos roteiros que vão ser oferecidos aos turistas até os benefícios que a atividade gera. O Paraná é rico em tantos aspectos e, certamente, o cultural é um deles. Ai entra o turismo sustentável, valorizando raízes que compõe o Estado, respeitando espaços e, ao mesmo tempo, mostrando experiências únicas que podem ser encontradas aqui”, disse Irapuan Cortes, diretor-presidente do Viaje Paraná, órgão de promoção do setor no Estado.
Desenvolver o turismo partiu do próprio Quilombo Apepu, que contou com apoio e elaboração do projeto feito pela Agência de Desenvolvimento Cultural e Turístico da Região Cataratas do Iguaçu e Caminhos ao Lago de Itaipu (Adetur), uma das Instâncias de Governança Regional (IGR) do Paraná, responsável por fomentar o turismo em suas áreas de abrangência. A iniciativa também conta com apoio de outras organizações.
PREPARO E QUALIFICAÇÃO – Nos próximos dois anos, estão previstos o desenvolvimento de roteiros, formações comunitárias e infraestrutura. O objetivo é fortalecer a cultura quilombola e promover a conservação ambiental, focando no protagonismo dos moradores e no reconhecimento das raízes e identidade local.
O mais recente passo para a consolidação do objetivo do projeto foi o Curso de Condutores de Visitantes, promovido ao longo de agosto, com aulas presenciais na comunidade. As aulas foram ofertadas para pessoas que desejam conduzir turistas em áreas naturais protegidas, como parques nacionais – uma exigência federal. O objetivo foi capacitar condutores quilombolas e indígenas para atuar com segurança, ética e responsabilidade ambiental, preparando os alunos para trabalhar profissionalmente como condutores de visitantes no Parque Nacional do Iguaçu.
As aulas foram ministradas pela Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA) e, localmente, contaram com apoio do ICMBio Parna Iguaçu, Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Regional Oeste), de secretarias municipais de turismo da região e outras organizações.
INSTÂNCIA DE GOVERNANÇA – O projeto no Quilombo Apepu integra o “Abrace o Parque”, idealizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – que administra o Parque Nacional do Iguaçu e outras Unidades de Conservação Federais do Brasil – e executado pela Adetur Cataratas e Caminhos.
Trata-se de uma plataforma de articulação entre comunidades, um convite para a construção conjunta de formas de cuidar da biodiversidade e das pessoas que vivem com ela. Além do Turismo de Base Comunitária, o programa desenvolve ainda o “Plano de Envolvimento com o Entorno” e o “Frutos do Iguaçu”.
“É muito importante essa vertente do turismo ser utilizada, porque é benéfico não apenas ao Quilombo Apepu, mas para todas as comunidades no entorno. Nos faz olhar para a região e tentar identificar outras comunidades tradicionais onde é possível trabalhar esse segmento, o desenvolvimento de experiências, artesanato e outras economias criativas que ajudam a desenvolver o turismo nas comunidades”, disse Sara Fernanda de Moraes gestora técnica e coordenadora de projetos da Adetur Cataratas e Caminhos.